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domingo, 19 de junho de 2011

A Lenda de Machim

Há muitos, muitos anos, uma menina inglesa de famílias nobres, chamada Ana de Arfet, apaixonou-se perdidamente por um cavaleiro jovem ebelo mas pobre.
Seu nome era Machim, e também ele se deixou enredar naquele amor proibido. Para pôr fim ao romance, os pais da rapariga pediram a intervenção do próprio rei de Inglaterra, que resolveu o assunto casando-a com um fidalgo de alta linhagem. De nada serviu,  porque o par continuou a encontrar-se em segredo, e logo que possível fugiu. Machim raptou a sua amada pela calada da noite, eembarcaram ambos num pequeno navio que zarpou para França. Mal se tinham afastado do porto levantou-se um temporal violentíssimo e o navio foi arrastado para alto mar. Dias depois avistaram uma ponta de terra coberta de arvoredo que os surpreendeu. Onde estariam? Meteram-se no bote, remaram e foram ver. Não encontraram ninguém e ficaram maravilhados com a beleza da praia e o tamanho das árvores. Uma delas possuía um tronco oco tão largo e espaçoso que podia servir-lhes de abrigo.Machim apressou-se a ir buscar frutos silvestres, acendeu uma fogueira, rodeou ana da carinho e atenções.
Talvez tenham sido felizes ali apenas umas horas ou alguns dias, mas Ana vinha enfraquecida pea aflição e pelo enjoo que sofrera a bordo.
Morreu pouco depois. Os companheiros tudo tentaram para animar Machim e convencê-lo de que teria de continar a vida noutro lugar. Ele, porém, não os ouvia. chorava dia e noite, deixou de comer, acabou por morrer de desgosto junto da sepultura da sua amada. Então os companheiros abriram uma cova mesmo ao lado para que repousassem juntos eternamente.
segundo consta, os Portugueses conheciam esta história e deram o nome de Machico ao lugar que serviu de última morada aos apaixonados.

sábado, 18 de junho de 2011

Lenda da deusa A-Ma

Há muitos, muitos anos, numa pequena aldeia da provìncia de Fuquien, apareceu uma menina a pedir que a levassem de barco pelo rio das Pérolas. A maior parte dos pescadores recusou. Só o dono de junco resolveu ser simpática e acedeu.
Quando navegavam junto áfoz do rio, levantou-se um temporal horrendo e as ondas engoliram todas as embarcações que se tinham negado a levar a menina. Salvou-se apenas o junco em que ela viajava. Aportaram numa península onde não vivia ningém, e mal pousaram o pé em terra a menina transformou-se em luz e subiu ao céu.
Os pescadores compreenderam que se tratava de uma deusa. A deusa A-Ma. E chamaram àquela terra   A-Ma-Gau, que significa "Porto de A-Ma". Terá assim nascido o nome de Macau.
Segundo a tradição, foi exactamente no mesmo síto que os Portugueses desembarcaram.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Lenda Do Flautista de Hamelin

Hamelin era  muito parecida com as outras cidades da região: casas de pedra, traves de madeira escura, telhados em bico por causa da neve, grandes chaminés, uma porta para as pessoas e outra para os animais, que dormiam em estábulos no meio da palha.
As crianças viviam com os pais e com os avós, numa existência tranquila. Ajudavam a tratar dos campos, mungiam a vacas, iam buscar água aos poços e lenha aos bosques em redor. À noitinha recolhiam o gado e instalavam-se perto do lume a ouvir histórias de fadas e bruxas, coisas antigas que os velhos contavam cheios de paciência, enquanto aqueciam o corpo bebendo canecas de cerveja feita em casa pelas mulheres.
Às vezes aconteciam coisas alegres, outras vezes coisas muito tristes, que o sino da igreja anunciava tocando a rebate se se tratava de um incêndio, devagar se tinha morrido alguém, num ritmo festivo para casamentos e batizados.
Só não tocou para avisar dos ratos porque ninguém saberia explicar em que momento deixaram de ser meia dúzia de bichos incómodos para se transformarem numa praga! Os pequeninos cresciam. Os grandes multiplicavam-se. Ninhadas completas percorriam as ruas, infestavam as casas e celeiros devorando tudo o que encontravam para comer.
As pessoas andavam aflitíssimas . Por mais que usassem pedras e varapaus não conseguiam ver-se livres daquele tormento.
Certo dia apareceu às portas da cidade um homem alto , magro, de barbicha pontiaguda e olhos oblíquos. Vestia roupa de muitas cores e não trazia outra bagagem além de uma flauta enfiada no cinturão.Ninguém o conhecia mas nessa tarde juntaram-se a contemplá-lo, perdidos de espanto. É que aquele homem tocava como nunca se tinha visto tocar naquela bandas! Ao primeiro sopro, a música prendia de tal qual um fio invisível que se fosse enrolando à volta dos braços, das pernas, do corpo, até lhes imobilizar o pensamento.
«Quem é este homem?», pensavam.«Que magia o faz tocar assim?»
O homem sorria enigmático e continuou a tocar até sentir que acreditariam em tudo o que lhes dissesse.
Quando finalmente parou já o Sol mergulhava no horizonte.Mas as pessoas ficaram ali, possuídas de uma sensação estranha. Era como se a música pairasse ao sabor do vento e pudessem ainda ouvi-la dentro do seu coração.
- Cheguei para vos libertar dos ratos - declarou muito sério e seguro do que dizia. - Posso levá-los comigo para onde eu quiser.
A população agitou-se. Seria verdade?  Não seria?
Quem tomou a palavra foi o alcaide. Responsável pela cidade, incapaz de resolver o prolema que há muito os atormentave, decidiu arriscar uma proposta:
- Se fores capaz de fazer o que dizes dar-te-ei uma bolsa recheada de moedas de oiro.
Muito bem - respondeu ele. - Aceito.
De novo levou a flauta à boca e pôs-se a soprar muito baixinho. Agora os sons eram diferentes. A música surda, repetitiva, reproduzia a cadência própria dos roedores em ação.
Os habitantes da cidade mal podiam acreditar no que os seus olhos viam!
Das casas, dos celeiros, das sacas, dos barris saíam ratos, ratinhos, ratazanas, e, atraídos por aquela estraha melodia, seguiam o flautista pelas ruas da cidade, caminhando de forma ordeira como um batalhão de soldados. Tranpuseram a medalha, atravessaram a ponte e desapareceram sem deixar rasto!
A alegria foi tanta que resolveram festejar. Acenderam-se grandes fogueiras no meio da praça, o sino repicou alegremente, velhos e novos dançaram até de madrugada, cantando em plenos pulmões:
- Estamos livres! Livres da rataria!
No dia seguinte, porém, quando o flautista apareceu para buscar a sua recompensa o entusiasmo esfriou. Porque lhe haviam de lhe pagar uma bolsa de moedas de oiro? Bastara-lhe tocar alguns acordes e os ratos sumiram para sempre!
Decidiram pois esquecer o acordo.
O alcaide, tão ingrato como o seu povo atirou-lhe uma, apenas uma, moeda de oiro, dizendo:
- O serviço não vale mais.
Pálido de raiva, deixou-se ficar de braços caídos e a moeda rolou pelo chão saltitando nas pedras da calçada.
As pessoas aguardaram em silêncio, curiosas mas sem grande receio, porque eram muitos contra um.
Qu poderia ele fazer para se vingar? Aparentemente, nada. Rodou nos calcanhares e dirigiu-se à porta da cidade. Depois, muito calmo, levou a flauta aos lábios e soprou.
Uma melodia simples elevou-se no ar. Tão simples que os homens e mulheres respiraram de alívio.
«Perdeu o jeito!», pensavam. «Estas notas são todas iguais, já não encantam ninguém.».
Mas logo a seguir foram invadidos por uma onda de inquietação.
As crianças, todas as crianças, corriam atrás do flautista, hipnotizadas pela sua música, como antes delas os ratos tinham feito! E seguiram-no para fora da cidade, de forma alegre e desordeira, como só as crianças sabem caminhar.
De nada serviram rogas, chamamentos. O flautista partiu para sempre, levando as crianças atrás de si. E a cidade ficou triste, muito triste, mergulhada em silêncio.

A Lenda Do Rei Rodrigo e Da Bela Florinda

Há muitos, muitos anos, quando a Península Ibérica pertencia aos Visigodos e era um único reino cristão, os Mouros dominavam o Norte de África.
Segundo uma lenda antiga, um conde visigodo de nome Julião tornou-se governador da cidade de Ceuta, no Norte de África. Apesar de viver rodeado de mouros, não tinha problemas, pois soubera aceitar as leis da terra e entender-se com o emir. Pagava os seus impostos, respeitava os vizinhos, evitava conflitos.
O conde Julião tinha uma única filha, uma bela rapariga a quem dera o nome de Florinda. Quando chegou à idade de casar, resolveu enviá-la à corte do rei Rodrigo para passar uma temporada na cidade de Toledo, conhecer outras maneiras de viver, fazer amizades com jovens cristãos. Naturalmente esperava que o rei lhe arranjasse um noivo conveniente, um rapaz novo, bonito, fidalgo e de preferência rico...
Acontece que o rei Rodrigo ficou deslumbrado com a beleza de Florinda e, em vez de lhe procurar um noivo, abusou dela. A notícia depressa se espalhou e chegou aos ouvidos do conde Julião, que quase rebentou de fúria. Não podia acreditar que o rei tivesse faltado ao respeito à filha que tanto amava e que enviara para o palácio com toda a confinça. Dia após dia remoeu ódios, palneando vinganças.
Nesse vaivém as ideias iam se tornando cada vez mais agressivas. A sua filha, a sua linda filha criada com tanto carinho, uma rapariga sem maldade nenhuma fora vítima do homem que devia protegê-la... Só mesmo arrazando o rei ela se sentiria vingado!
Segundo esta antiga lenda, foi o conde Julião quem convenceu os Mouros a invadir a Península Ibérica. E ele próprio se armou até aos dentes, fazendo questão de acompanhar o chefe mouro Tarik para o ajudar na luta contra os Cistãos. Terá pois participado no desembarque, na invasão e na sangrenta batalha de Guadalete, a 19 de Julho de 711, em que se decidiu o destino da Península Ibéria para os séculos seguintes.
Os Mouros obtiveram uma vitória retumbante e em 5 anos apoderaram-se de toda a Península. Os cristãos refugiaram-se nas Astúrias, chefiados pelo príncepe Pelágio.
Quanto ao conde Julião, nada mais se soube a seu respeito. E quanto a Rodrigo, há duas versões. Os Mouros garantem que ele morreu na batalha de Guadalete. Os Cristãos afirmam que que, embora ferido, Rodrigo se refugiou nas serranias da antiga Lusitânia, na região de Viseu, onde os Mouros não onseguiram entrar durante muito tempo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Lenda Da Praia Da Rocha


Uma Sereia chegou um dia ao Algarve, não se sabe bem de onde. Instalou-se à beira-mar, descansando de uma jornada que deve ter sido longa e fatigante.
Um Pescador que por ali andava nos seus afazeres viu-a, e admirado com aquela intrusão nos seus domínios, aproximou-se e disse:
- Não sei donde vieste, mas devo informar-te de que tudo isto que vês é meu. Foi o Mar que criou este sítio e eu sou filho do Mar!
Sorriu a Sereia de tal maneira que prendeu o Pescador, respondendo-lhe:
- Venho de longe, Pescador, de muito longe. Aportei aqui depois de muito procurar, e tanto sossego achei que quero ficar.
- Como te chamas? Quem és? - quis saber o filho do Mar.
- Não tenho nome, Pescador. Sou apenas o que sou, Sereia.
- Bem-vinda sejas então, Sereia, a este local que já é teu!
Foi então que, de longe, se fez ouvir uma voz agreste e rude:
- Não dês o que não é teu, Pescador! Esta terra é minha, foi a montanha que a criou! Eu sou o filho da Serra e tudo o que vês me pertence!
- Assim sendo, Serrano - sussurrou a sereia - talvez sejas tu o fim da minha jornada.
- Deixa-o falar, Sereia! Que pode ele e a sua Serra contra o poder de meu pai, contra as ondas sem dono!
- Ah, ah, ah! - riu o serrano - Tenta tu subir à Serra! Que poderão as tuas ondas contra a robustez que herdei da minha mãe. Mais poderoso sou eu, que quando quiser, posso criar montanhas dentro do Mar!
Parecia iminente a luta entre os dois gigantes; procurava o Mar acalmar as suas ondas, que cresciam e engrossavam; toldava-se a Serra, agitando as urzes e os pinheiros. Deleitava-se a Sereia com a violência do amor que neles via crescer, mas disse-lhes:
- Não se zanguem! Eu vou esperar aqui que me tragam provas das vossas forças. Mas agora ide, estou cansada e quero repousar!
Lentamente afastaram-se areal fora os dois rivais. Um entrou pelo Mar dentro, o outro subiu à Serra. Iam pensativos, procurando a melhor maneira de convencer a Sereia.
Ela, por seu lado, instalou-se como se em casa estivesse e esperou.
Chegou primeiro o Pescador. Trouxe-lhe o Mar e estendeu-o a seus pés, pintando-o verde suave à bordinha, e azul profundo lá ao longe, dizendo:
- Tudo isto é o meu Mar, e é teu, Sereia!
E a Sereia ficou a olhar o mar, deleitando-se com o seu ondular. Subitamente, ouviu o Serrano:
- Sereia, aqui estou: dar-te-ei um trono de pedra lá no alto do mundo. Já pedi ao vento que te embalasse o sono, ao sol que te aquecesse os dias, e às fontes que te refrescassem as horas. Vem comigo e serás a rainha da Serra.
- Chegaste tarde, Serrano! Já me sinto a rainha do Mar - respondeu a Sereia.
Enfurecida por ser rejeitada, a Serra fez rolar enormes rochedos até ao Mar, rodeando a Sereia: se esta não subia à Serra, descia a Serra ao Mar.
O Mar zangou-se, e durante noites e dias, dias e noites, atirou-se contra as rochas, mas não conseguiu desfazê-las.
E assim continuaram até que a Sereia, não sendo capaz de se decidir, transformou-se numa areia tão fina como não há outra igual, recebendo o tributo eterno dos dois eternos gigantes enamorados, umas vezes rivais, outras inimigos, outras ainda grandes amigos. O lugar tem hoje o nome de Praia da Rocha.